quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

PRECISO CORRER

O peito bombeava adrenalina para que o coração e os pulmões funcionassem mais rápido – o efeito era o oposto: o oxigênio descia com dificuldade e o coração fazia as veias congestionarem com a velocidade em que o sangue era bombeado. Eu não arriscava olhar para trás fazia mais de meia hora. Lembro-me apenas de correr e correr sem me preocupar com destino. Apenas queria estar longe. Queria sair da prisão que eram aqueles gigantescos troncos marrons-acinzentado que me cercavam. As folhas amarelas no chão se quebravam ao receber meus passos furiosos. Eu não sentia mais seu bafo quente, tampouco o som que fazia ao cortar o ar atrás de mim.

Enquanto corro pergunto a mim mesmo se eles estavam realmente mortos. Eu não tive tempo de conferir. Lembro apenas dos corpos jazendo em poças de sangue que caminhavam lentamente em direção a fogueira apagada. Nossas barracas estavam destruídas e as roupas espalhadas por todo canto. Talvez eu tenha alucinado, mas eu tenho quase certeza deter ouvido Mariana gritar meu nome. Ela deve ter pedido minha ajuda, deitada, imóvel, assustada com aquela coisa pairando centímetros acima dela esperando o momento certo para devorá-la. Eu espero que tenha sido uma alucinação. Pelo bem da minha sanidade, tem que ter sido uma alucinação.

Mesmo que eu não a veja, aquela coisa que o guia – o mesmo que nos indicou esta maldita trilha – chamava de Boitatá deve estar a poucos metros de me alcançar. Com seus olhos esbugalhados e ardendo em chamas amarelas, com sua cauda abrasadora preste a me consumir. Que esteja. Por enquanto eu só preciso correr. Correr sem parar.

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Post Scriptum:
Este conto foi escrito para um projeto pessoal de escrita criativa. Em suma, alguém me estipulou um tema e/ou um prazo. A ideia é escrever sem pensar; sentar na frente do computador e deixar a história se escrever sozinha.
Este conto foi escrito em 30 minutos e o temas era mitologia brasileira.

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