terça-feira, 18 de novembro de 2014

VINHO

Aquele corredor não costumava ser muito visitado. Os moradores do bairro não tinham o costume de ir ao mercado para comprar vinho. Então ela pôde ficar ali em pé sozinha durante alguns minutos. Observando cautelosamente cada rótulo como uma criança escolhe livros pelas lombadas.

Ela olha ao seu redor buscando câmeras instaladas em alguma das extremidades da loja. Não encontra nada.

Sem muita preocupação apanha uma das garrafas de vinho da prateleira e coloca dentro da bolsa. Respira fundo e checa se realmente está sozinha no corredor. Põe a bolsa no chão e pisa em cima. O barulho da garrafa se quebrando é abafado pelo caro tecido da Gucci, comprada em Miami. Ela se agacha novamente e pega a bolsa colocando-a no seu devido lugar, pendurada no ombro direito.

No fim do corredor uma moça surge. O rosto oleoso brilhando sob as luzes brancas no teto, o colete vermelho por cima da camisa branca e o cabelo preso em um coque prestes a desmanchar.

- Tudo bem senhora? – ela pergunta.

- Claro - ela responde com um sorriso amigável e abre a bolsa. Retira cuidadosamente o gargalo da garrafa, que agora tem uma ponta de vidro afiada. Antes que a pobre funcionária possa esboçar qualquer reação, a mulher dá um passo a frente com seu sapato Prada e crava o caco de vidro em seu pescoço. O sangue jorra pela garganta aberta impedindo que qualquer grito escape.

A mulher se agacha e deposita o vidro manchado de vermelho – talvez pelo sangue, talvez pelo vinho – ao lado do corpo da funcionária, e sai tranquilamente pela porta da frente. Coloca seus óculos escuros e caminha até seu carro.

“Outro mercado. Mais um sem nenhuma segurança." ela pensa.

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Post Scriptum:
Este conto foi escrito para um projeto pessoal de escrita criativa. Em suma, alguém me estipulou um tema e/ou um prazo. A ideia é escrever sem pensar; sentar na frente do computador e deixar a história se escrever sozinha.
Este conto foi escrito em 30 minutos e os temas eram Moça, Insegurança, Mercado e Garrafa de Vinho.

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