domingo, 29 de setembro de 2013

Paradoxum - Capítulo 5: FUNDAÇÃO

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Demorou, mas conseguimos despistar "eles", seja lá quem for.
Eu estava diante de um enorme galpão. Aquilo não se parecia de forma alguma com um laboratório. Rudy jogou Doutor Calebe para fora do carro.

- Você na frente Doutor. -  Ele murmurou.

Caminhamos na velocidade dos passos tortos e tropeçantes de Doutor Calebe. Eu notava o esforço angustiante que ele fazia para se arrastar pelo chão empoeirado até parar no meio do galpão. Ele parecia colapsar enquanto atingia o chão com todo o peso de seu corpo. Rudy retirou um frágil estilete do bolso e o arremessou em direção ao Doutor.

- Ande Doutor, faça sua mágica.

O Doutor pegou o estilete com dificuldade, o abriu e cortou os pulsos. O sangue que escorria pelas palmas de suas mãos tocavam o chão de forma sútil, eu quase podia ouvir as gotas se desfazem e sendo absorvidas pela poeira. Rudy parecia se divertir com a cena. Eu me mantinha estático sem entender o que acontecia. Ouvi um estrondo e o chão começou a se mover. Parte se abriu ao meio, deixando um quadrado de cerca 5 metros de comprimento por 5 de largura.

- Vamos. - Rudy me chamou para subirmos na plataforma que calmamente foi se baixando, revelando um vão gigantesco bem abaixo de nossos pés.

- Que lugar é esse? - Questionei, ao que Rudy, prontamente respondeu.

- Esse lugar meu caro, é o nosso maior bem. Esse lugar é o lugar que "eles" querem tomar de nossas posses. Esse lugar é o que mantém o mundo lá fora como ele é. Era aqui que nós trabalhávamos.

A plataforma finalmente parou. À nossa frente um corredor de cumprimento incalculável. Caminhamos a passos lentos enquanto dávamos pequenas pausas para que Doutor Calebe se arrastasse até nos alcançar. Uma mulher com um jaleco branco com uma suástica no braço se aproximou de nós. Apesar de minha carne podre e cheiro repugnante fui recebido com um caloroso abraço.

- Dood, ainda bem que você chegou. Você é nossa última esperança! - Ela disse enquanto me apertava mais forte. Isso me fez lembrar os restos humanos que ainda estavam em mim. Olhei firmemente em seus olhos, tentando buscar alguma informação.

- Você não se lembra, não é mesmo? Nagini. Eu me chamo Nagini. Sua ex-esposa. Trabalhávamos aqui, e se o Führer quiser, continuaremos.

Essa palavra... Führer. Me lembrava o monstro de cabelo simetricamente penteado, bigode excêntrico e caráter covarde e astuto.

- Senti sua falta Dood, mas precisamos correr ou o efeito irá passar.

Como era de se imaginar, mais uma estava sendo guiado a um lugar estranho sem saber porquê. A questionei enquanto caminhávamos.

- Para que precisam de mim? Já que o seu amigo não é capaz de me explicar corretamente.

- Eu mesma pedi para que deixasse que eu lhe explicasse tudo. - Entramos em uma sala, semelhante a um escritório. Ela continuou- Sente-se Dood. Deixe-me explicá-lo a gravidade da situação. Todo o avanço tecnológico que chegamos agora, devemos ao Führer. Se não há crianças alemãs passando fome na rua neste momento, devemos ao Führer. Se nós estamos vivos... Se você está vivo, Dood... Você deve ao Führer. Ele nos patrocinou desde o início, antes mesmo da guerra. Nada mais justo que retribuir o favor. Os corredores deste lugar nos levam a largos contêineres. Cada um deles possui algo de especial. Pode ser prejudicial ou útil para humanidade, depende dos olhos de quem os visualiza. Nós os chamamos de SCP's. Nosso lema é segurar, conter e proteger. E são duas dessas SCP's que vão nos ajudar. Uma delas, nós chamamos de Salão de Espelhos, são na verdade aros cilíndricos que mantém buracos de minhoca abertos. Eles se abrem e fecham esporadicamente. Não podemos controlar o local a data que vamos visualizar. O máximo que conseguimos foi mobilizar uma numerosa equipe para mantes os espelhos sob observação por 24 horas por dia. Todas nossas tentativas de transferir matéria por eles foi em vão. Conseguimos apenas visualizar locais no espaço-tempo. Futuro e passado, Dood.

- Você está me dizendo que é capaz de enxergar o futuro?

- Por mais assustador que possa parecer Dood... Sim. Vimos muitas coisas. Coisas que pelo bem da humanidade, devem ficar guardadas. Nenhum relatório foi feito. E coisas bastante peculiares. Ao que nos interessa, devo lhe citar três. Primeira; você encontrará sua cura. Não sabemos como ou quando. Mas eu pude ver você são novamente. A segunda e mais aterrorizante; nós perdemos a guerra, Dood. O Führer Adolf Hitler foi morto pelos americanos.

Todas as peças se encaixaram naquele momento.

- Eu... Eu não sou um de vocês. Eu não faço parte desse regime nazista. - Esbravejei desejando que não fosse real.

- Dood... É sério? Você realmente achou que poderia estar do mesmo lado que aqueles porcos judeus? Isso me assusta... Eles fizeram isso com você. Eles invadiram o seu laboratório. Eles injetaram o vírus em você. O Führer nos escolheu a dedo. Ele quer que façamos parte de algo grande. Se a SCP-X-2 funcionar, conseguiremos.

- Quem produziu o vírus? - Questionei.

- Nós produzimos, mas era para o bem da...

- Porque produzimos? - Continuei sem desviar o olhar. Ela titubeou a responder.

- Estamos em uma guerra, Dood... Guerra é guerra.

Meu passado havia me transformado nesse monstro. Estava pagando por crimes que sequer lembrava de ter cometido. O vômito subia a minha garganta apenas por tentar imaginar o número de vidas que provavelmente eu tirei. Minha chance de me redimir estava bem a minha frente.

- O que eu tenho que fazer? - Assenti.

- O Salão de Espelhos nos permitia ver, mas não entrar. Descobrimos uma outra SCP que nos permitia entrar, mas não ver. Conseguimos enviar qualquer objeto com 87% de precisão. Nós queremos que você vá ao futuro, descubra o que causou nossa derrota na guerra. Traga a informação até nós para que possamos usá-la para ganhar a guerra.

- 87%? Acho que isso é bem pouco para quem quer enviar um ser humano, não?

- Exatamente. Todas as nossas tentativas de enviar DNA humano falharam. Fizemos alguns testes com gatos, mas não obtivemos bons resultados. Era como se algo não quisesse que nós transitássemos pela Linha do Tempo. O exame completo demoraria dias e não temos tempo. Precisamos te enviar o mais rápido possível. Você é o único ser consciente que não possui DNA humano no momento Dood.

- E enviar um gato para uma missão militar pareceu meio inviável - Rudy completou com sarcasmo.

Como se minha situação nunca pudesse parar de piorar. Aquelas foram as três horas mais longas de toda minha vida. Ou pelo menos daquele dia da minha vida, já que não era capaz de me lembrar do resto. Sentado em uma cadeira, fazendo testes psicotécnicos. Após todos os testes, a própria Nagini recolheu uma amostra do meu sangue e entregou a Rudy. Eles me levaram até uma enorme cratera onde lá estava a SCP-2559.

Tranque a porta por dentro ao entrar - Nagini disse enquanto abria a porta do contêiner. - qualquer fresta pode por fazer a missão ir por água abaixo.

- E o que eu faço quando chegar lá?

- Bem Dood... Esse é o problema. Eu não sei. Você vai ter que improvisar e descobrir.

- E como eu faço para voltar?

- O rasgo no tempo que essa SCP causou é eterno. Jamais se fechará. Você apenas precisa encontrá-lo novamente.

Nagini bateu a porta com força, antes que eu pudesse falar qualquer coisa. Caminhei até o que parecia ser uma linha de cor roxa pairando no ar e a atravessei. Absolutamente nada aconteceu. Eu estava no mesmo lugar. Algo havia dado errado e precisava que Nagini resolvesse. Lentamente destranquei a porta para sair do contêiner...

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Capítulo 1: Acordar
Capítulo 2: Unidos pela carne
Capítulo 3: A Ceia
Capítulo 4: Os restos da guerra
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